Há uns meses que venho pensando sobre uma forma de alertar as mamães sobre o risco de parto prematuro sem causa aparente e como é possível amamentar um bebê prematuro, principalmente um bebê prematuro extremo. Desde que tive minha bebê, sigo o perfil @prematurosbr, que sempre tem informações e orientações importantes para nós, mamães de pequenos milagres. E hoje, após o envio de uma mensagem aleatória, que pensei que nem seria lida, recebi o convite de contar meu relato aqui para vocês.
Ísis nasceu de 26 semanas + 5 dias, prematura extrema pela idade corrigida. Em 01/04 ela completará 1 ano de idade corrigida. Minha bebê veio de surpresa justo na virada do ano para 2020 e nasceu bem no dia 01/01 (que susto né?).
Bom, tive uma gestação tranquila e saudável. Apenas uma placenta prévia no início e que subiu, sem me dar maiores problemas. Na madrugada do dia 27/12, tive algumas cólicas após uma relação sexual, mas que se resolveram com buscopan. No sábado, dia 28/12, meu tampão mucoso se soltou (e eu não sabia o que era, na época). As cólicas voltaram um pouco mais doloridas, na noite do dia 28/12, com intervalos de 3 em 3 minutos, e na madrugada meu noivo e eu fomos pro pronto socorro de uma maternidade particular na cidade vizinha. Fui pouca acolhida e voltei para casa apenas com buscopan. Vale ressaltar que minha obstetra estava viajando de férias e pouco acessível. Enfim, retornei do dia 29/12 para o dia 30/12, com as cólicas mais intensas e com sangramento. Virei a madrugada de observação, fizeram alguns exames e uma médica, que se autointitula para seus pacientes no particular como médica de alto risco, me deu alta, mesmo eu tendo uma contração na frente dela. Voltei ao hospital, após a virada do ano, com 7 cm de dilatação. Não havia mais nada o que se fazer. Me medicaram para segurar a Ísis o máximo possível. E no fim, tivemos um parto normal e ela nasceu empelicada.
Foi um milagre. Ela é um milagre. Vejo e entendo hoje como Deus trabalhou em nossas vidas. Todo o tempo que passei com contrações, o corpo foi enviando sinais para ela e o fato da bolsa não ter estourado, e o médico que acompanhou meu parto manteve sua humanidade e profissionalismo em não querer estourá-la, contribuiu para todo o sucesso e proteção da minha bebê.
No período da UTI, ela teve 2 apneias e 1 infecção tardia. E foi aí que minha intuição de mãe mais uma vez falou comigo e me disse que o leite materno fez toda diferença nessa recuperação. Assim que saí do hospital, comprei uma bomba elétrica que se assemelha à sucção do bebê, tomei remédios para ajudar no aumento da produção e ordenhava todos os dias para ela se alimentar. Ela recebeu alta em 09/03, tinha 35 semanas. Foram 52 dias de UTI e 18 dias de internação pediátrica. Ísis foi amamentada até agosto/2020. E foi possível. Conseguimos e vencemos.
Vale ressaltar também como sou grata ao @desenvolvecrianca, que ajudou muito na evolução motora dela.
Ísis é um bebê saudável, sem sequelas, alegre e muito arteira.
Mamães, fiquem atentas e confiem no seu instinto materno. Fui questionada várias vezes que eu não estava em trabalho de parto. Não fui acolhida e sofri muito, mas vencemos. Não podemos ser reféns do sistema de médicos que não estão preparados para nos acolher.