Amamentação e Prematuridade: o olhar de uma neonatologista e pediatra

Olá a todos! Para iniciarmos a última semana do mês Agosto Dourado, compartilho com vocês um texto escrito pela Dra. Márcia de Freitas sobre o tema Amamentação e Prematuridade.

¨Os benefícios do aleitamento materno (LM) na prematuridade são indiscutíveis, comprovados cientificamente, pois contém nutrientes de fácil digestão e absorção, estando o mesmo ajustado às necessidades do bebê e a sua idade gestacional devido à uma perfeita combinação de proteínas, gorduras, carboidratos, minerais, vitaminas, enzimas e células vivas, ajustadas para um nascimento precoce.

O leite materno tem a capacidade de se adaptar às necessidades do bebê, ou seja, a composição do LM é adequada para a idade gestacional do recém-nascido. A presença dos ácidos graxos (gorduras) ajuda no desenvolvimento cerebral. Somam ainda a esses benefícios nutricionais, os fatores imunológicos (redução do tempo de hospitalização, da sepse neonatal, da retinopatia   da   prematuridade, de   doenças   respiratórias   e   de   enterocolite   necrosante), fatores psicológicos e econômicos, todos necessários para um crescimento e desenvolvimento adequados em sua maior situação de vulnerabilidade. Estudos mostraram que prematuros que receberam leite materno tiveram menos enterocolite necrosante e apresentaram níveis mais elevados de quociente de inteligência (QI).

 Amamentar prematuros é, sem dúvida, um desafio. Em função da imaturidade dos muitos órgãos, dentre eles o trato do trato gastrointestinal e a incoordenação ou a falta de reflexos de sucção, deglutição e respiração, as crianças que nasceram muito prematuras necessitam receber suas primeiras calorias por via intravenosa. Paralelamente a esta nutrição, à alimentação enteral, também chamada de nutrição trófica, deve ser iniciada, por meio de sonda orogástrica. Mesmo que seja em quantidades insuficientes para nutrir o bebê é de grande importância para evitar a atrofia das vilosidades da mucosa intestinal e prevenção de infecções graves.

Na impossibilidade do recém-nascido (RN) receber o leite de sua própria mãe, é oferecido na maior parte das unidades neonatais o leite doado aos bancos de leite humano e postos de coleta. É um procedimento seguro, pois o leite passa por um rigoroso processo de seleção, classificação e pasteurização até que esteja pronto para ser distribuído com qualidade certificada aos bebês internados em unidades de terapia intensiva neonatais. Este leite é doado de mulheres em fase de amamentação e que produzam um volume de leite acima da capacidade da quantidade ofertada ao seu filho.

Superada as barreiras dos problemas respiratórios e de adaptação e, cessada a transição da oferta de leite por sonda gástrica para a oferta oral, o próximo passo é nutrir adequadamente esses bebês no seio materno.  Inicialmente, eles podem apresentar uma sucção lenta e fraca, se cansam e podem até se engasgar com mais facilidade.  Nesta etapa devido ao maior esforço para sugar, há um maior gasto de energia e a criança pode perder peso. Portanto, deve-se ter um rigoroso controle do peso, estatura e crescimento da cabeça do prematuro, parâmetros que precisam verificados pelo pediatra responsável pela criança. Sendo, justamente, nesse  momento que todos os profissionais de saúde devem apoiar esta mãe de forma integral, para a manutenção do aleitamento materno.

Anualmente na SEMANA MUNDIAL DO ALEITAMENTO MATERNO – SMAM é definido um tema em prol à amamentação, disseminado para todos os Países para que possam trabalhar de forma conjunta sobre este tema com o intuído de incentivar e ressaltar os inúmeros benefícios do aleitamento materno e com isto reduzir a mortalidade infantil e desfechos negativos decorrentes da falta da amamentação ¨.   

E o tema  da SEMANA MUNDIAL DO ALEITAMENTO MATERNO – SMAM 2019, foi: Empoderar mães e pais, favorecer a amamentação, hoje e para o futuro!

Temos que garantir este ouro liquido para as nossas crianças.

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