Acho que após nos tornarmos pais, podemos dividir a nossa vida em antes e depois do nascimento de nossos filhos, não é mesmo?Quando paro para pensar em como eu era antes do nascimento de Maitê Maria…meu deus…me dá até um arrepio. Não porque eu era uma pessoa ruim, sem responsabilidades e sem deveres a cumprir. Muito pelo contrário! O frio na “espinha” ocorre porque eu era uma pessoa totalmente ligada no 220, tendo que cumprir os infinitos compromissos profissionais e ainda ter tempo, na agenda lotaaadaaaa, de fazer academia, unha, cabelo, depilação e etc… Ufa! Até me cansei!!! E olha que eu sempre achava (e ainda me pego muitas vezes achando) que ainda podia adaptar melhor o meu tempo para fazer cursos de atualização, especializações…tudo para ser a profissional.
Daí, veio a Maitê Maria e toda a luta que vocês seguidores já conhecem. Com muito sofrimento tive e estou tendo que aprender o que é viver um dia de cada vez, um momento de cada vez, uma conquista de cada vez e uma dificuldade de cada vez.Eu tenho que afirmar que na teoria este conceito de viver cada momento de cada vez é maravilhoso e, desde os primórdios da literatura, o carpen dien vem justamente para nos ensinar isto, não é mesmo? Mas na prática tudo é bem diferente…somos uma geração consumista, competitiva, comparativa e que cobra o máximo desempenho em tudo. Os nossos pais se orgulham de sermos os primeiros, os melhores, os super sucedidos financeiramente e etc.
A Maitê Maria com toda a sua garra pela vida, veio dizer aos seus pais: CALMA, PACIÊNCIA, MENOS, MAIS QUALIDADE, MAIS TEMPO… Não serei uma criança que poderá se aventurar pelo mundo estimulante e pedagógico das escolas tão cedo. Serei uma criança com um outro ritmo no desenvolvimento, afinal de contas tenho a minha idade corrigida. Escola Bilíngue? Esqueçam! O inglês, se eu for aprender, terá que ser mais tarde. Aula de natação para bebês? Só depois… Agora, para brincar, para receber muito amor e ter o meu próprio tempo e ritmo de desenvolvimento…estou aqui e prontinha para vocês.Resolvi escrever tudo isto, pois há umas 2 semanas atrás me senti super triste em ver minhas amigas planejando as escolas, as aulas e as atividades que suas bebês fariam em 2014 e eu pensei: Maitê Maria não terá escola, nem musicalização infantil e nem contato com outras crianças tão cedo.Afirmo que isto me entristeceu sim. Mas dai comecei a pensar em como foi a nossa infância e percebi que em menos de 30 anos o nosso mundo e estilo/ritmo de vida mudou muito.
Maitê Maria tem 13 meses de idade cronológica e 9 de idade corrigida e, eu angustiada porque não vai frequentar a musicalização infantil desde o primeiro ano de vida? Meu deus!!!Acho que o mundo está em um ritmo tão enlouquecedor, que quando estamos apenas respeitando o ritmo e a necessidade da criança, nós que somos pais nos sentimos mal por isso?Lógico, que mães que trabalham fora têm e devem pensar nas melhores possibilidades de onde deixarem seus filhos. Mas isto não é a mesma coisa de lotarem a agenda da criança, simplesmente, porque o meu filho tem que ser o melhor e tem que, desde cedo, ter o máximo desempenho acadêmico.Além do mais, mães que conseguem trabalhar em horários flexíveis cobram-se do que, meu deus? Cobram-se por deixarem os seus filhos brincarem livremente? Cobram-se por permitirem que eles sejam os próprios donos de seu ritmo de crescimento e de desenvolvimento? Cobram-se por permitirem que seus filhos durmam quando querem dormir? Descansem quando estão exaustos? Fiquem no ócio quando acharem necessário?Pois é…Nós pais nos cobramos de apenas permitir que nossos filhos se desenvolvam sem este ritmo frenético que a modernidade nos impõem.Afirmo e sem vergonha nenhuma que como profissional entendo perfeitamente este conceito, defendo e sou adepta. Sempre falo e escrevo sobre a importância de respeitar o ritmo de desenvolvimento, dos pais não lotarem as agendas de seus filhos e das crianças terem tempo livre para brincar e viver o ócio. Mas como mãe, as vezes, isto me angustiava e não vou dizer que ainda não me angustia.Dai, hoje a noite quando estava terminando de escrever este post, li uma matéria na Crescer sobre o slow parenting e sobre a importância de desacelerar o desenvolvimento e a rotina de nossos filhos. É válido pontuar que o termo desacelerar não é igual a parar de promover/prover experiências enriquecedoras para nossos filhos, a fim de potencializar as suas características e seu desenvolvimento. E para nós especialistas em desenvolvimento infantil o slow parenting não quer dizer que a estimulação do desenvolvimento não é necessária, especialmente, para crianças de risco e/ou com necessidades especiais, mas sim, que temos que ter cautela e paciência para esperarmos e aceitarmos o ritmo de aprendizagem e de desenvolvimento que cada criança apresenta.Depois de toda a leitura da matéria, (leitura recomendada) tenho que confessar que vou dormir muito mais calma e feliz. Me deu um alívio em saber que, apesar de viver uma rotina bem diferente das minhas amigas, estou sim promovendo um ambiente acolhedor, com afeto e com muitas experiências lúdicas para Maitê Maria, respeitando o seu ritmo e suas necessidades atuais. Por fim, irei agradecer ao papai do céu por todas estas transformações e reflexões que a vida está me ensinando.
Um grande beijo, com carinho, Tetê e Maitê Maria