Olá a todos que seguem esse espaço! Demorei bastante, mas consegui escrever um novo post. 
Esse texto é a continuação de dois outros posts- links abaixo- sobre alguns comportamentos que são esperados durante os primeiros 3 anos de vida, período de extrema importância quanto á plasticidade neurológica e ao desenvolvimento global de toda criança. https://prematuros.com.br/?p=21https://prematuros.com.br/?p=22
Como afirmo e defendo sempre, é importante compreendermos que os especialistas quando estipulam e avaliam alguns comportamentos  esperados para determinada faixa etária, não estão desrespeitando o ritmo e a qualidade de desenvolvimento apresentado pelas crianças. Ao contrário! Especialistas conscientes e bem fundamentados teoricamente, sabem o quanto cada criança apresenta teu próprio ritmo, tempo e qualidade em todas as importantes aquisições ao longo da primeira infância, especialmente nos primeiros três anos de vida. 
Isso quer dizer que existem crianças que adquirirão comportamentos típicos de cada idade, antes ou depois do período esperado. Ou seja, tem crianças que começam a andar com 9/ 10 meses e outras com 1 ano e 4 meses, por exemplo, e essa diferença temporal não significar nenhum problema em seu desenvolvimento sensório-motor. 
Porém, quando atuamos e nos preocupamos em prevenir e acompanhar o desenvolvimento infantil, especialmente de crianças com algum fator de risco, como a prematuridade, temos o dever de sabermos e seguirmos os importantes marcos dentro do desenvolvimento global. Não apresentar ou demorar muito para apresentar um importante marco infantil pode, sim, significar atraso no desenvolvimento global e ser necessária a intervenção precoce/ oportuna. Por isso, os especialistas precisam ter uma formação bem fundamentada para que não ocorra a patologização da saúde infantil e/ ou os diagnósticos errôneos, tão comuns em nossa atualidade. 
Abaixo, seguem alguns comportamentos que devem ser observados na faixa etária de 2 a 3 anos, sendo retirados do livro Prematuridade Extrema: Experiências e Olhares, 2016, Editora Manolle e de autoria de Teresa Ruas e Heloísa Gagliardo. 
Espero que esse post possa auxiliar muitos profissionais que atuam com a primeira infância. 

2 anos/ 3 anos de idade cronológica e corrigida 

• Sistema Visual e Auditivo completamente maturado: visão nítida para objetos distantes e pequenos e audição para todos os tipos de sons. 

• As habilidades motoras alcançadas até aqui sofrerão um processo de refinamento. A cada dia que se passa (maturação neurológica) e diante das experiências ambientais, a criança ganha maior equilíbrio, maior amplitude e destreza dos movimentos e maior coordenação motora e visuomotora. Os primeiros passos dão lugar à capacidade de correr, pular, subir e descer escadas, permanecer na posição de cócoras, ficar apoiado em um pé só, andar de costas entre outras aquisições motoras. 

• Adquire um refinamento na coordenação motora fina (movimento e destreza de mãos e dedos), por isso o interesse em lápis/canetas/desenhos/folear página por página em livros é uma grande característica desta fase. Observe então se ao manusear um livro a criança o aproxima muito de sua face e/ou franze a testa. Estes sinais podem significar problemas visuais, como, miopia, hipermetropia e astigmatismo. Converse com o pediatra de seu filho sobre a necessidade de consultar um oftalmologista.

• A fala terá um grande desenvolvimento. O vocabulário aumenta consideravelmente e frases simples começarão a surgir com grande frequência. Porém, o aumento do vocabulário está extremamente relacionado com a maturação neurológica e a qualidade de experiências. Este aumento depende de histórias contadas, músicas, diálogos e muitas brincadeiras. Caso a criança não demonstre uma melhora na qualidade de sua comunicação oral, um acompanhamento com especialistas deverá ter prioridade. 

• Identificam os brinquedos, objetos e/ou comida pelos seus respectivos nomes. 

• Compreendem solicitações mais complexas, como, por exemplo, “pega uma colher e traga aqui para a mamãe”. 

• Tiram peças simples do vestuário, como meias, sapatos e camisas e colaboram no vestuário.

• Antecipam as atividades de seu dia a dia e até pedem algo quando estão com fome, sono, cansados e entre outros. 

• Demonstram sentimentos de empatia para com as pessoas, além de amor e raiva. 

• Entram na fase do “ faz de conta”. Imaginam, criam e elaboram cenários de contos de fadas, do mundo dos heróis e/ou personagens infantis. Todo e qualquer objeto pode ganhar vida e significado em suas brincadeiras. Esta característica, chamada de simbolização, é um sinal extremamente importante de saúde afetiva e cognitiva. Crianças que não brincam de faz de conta devem ser acompanhadas. 

• Brinquedos para a simbolização, construção e quebra cabeça terão grande preferência. 

• A birra é extremamente esperada, pois a criança ainda não tem maturidade afetiva e cognitiva para se colocar no lugar do outro e/ou entender o ponto de vista alheio. O desejo da criança ainda é prevalente (egocentrismo) e por isso, aos poucos, as regras e normas sociais vão ganhando sentido para ela. 

• Por mais que gostem do contato com outras crianças, emprestar o brinquedo e/ou esperar a sua vez são habilidades não muito frequentes nesta fase do egocentrismo.
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• Neste período, os intervalos entre as eliminações vesicais e intestinais estão bem regulares. Pode começar a sair da fralda. A criança indica ou dá sinais de que tem necessidades de eliminação. Pode ser levada ao banheiro, preferencialmente com um redutor de vaso sanitário. 

Um grande beijo, Tetê, Maitê Maria e Lucca.
Até o próximo post