Relato de Aleitamento Materno por uma Pediatra: expectativas, realidade e a rede de suporte.

Olá a todos.

Nesse último dia da Semana Mundial do Aleitamento Materno, gostaria de compartilhar com vocês o relato de uma pediatra neonatologista e sua experiência com a amamentação e aleitamento materno. Quando nos tornamos mães, repensamos em nossas ações profissionais e na forma como acolhemos e acompanhamos as famílias que chegam até os nossos serviços.

Segue abaixo um breve relato da Dra. Adriana Pouza que está bem atuante em nosso site, diante de sua parceria com a Mamãe Giraffa. É muito gratificante perceber que nossa rede de suporte à prematuridade, desenvolvimento infantil, primeira infância, aleitamento materno e maternidade está crescendo e sendo composta por profissionais de saúde que vivenciam a rotina diária da maternidade e todos os seus desafios.

Por Adriana Pouza:

Olá, sou Adriana Pouza, pediatra neonatologista, mãe da Julia de 8 meses. Na semana do aleitamento materno quero contribuir com a minha experiência como mãe. Antes da Julia chegar eu já sabia a parte teórica e a amamentar na prática era uma prioridade para mim, por conhecer os benefícios materno-infantis que o leite possui.

Portanto, desde a minha gestação, me cobrei muito sobre a amamentação e pensava que teria que dar certo. Na verdade, eu sempre achei que tiraria de letra! Mas claro que não foi como eu esperava e a experiência prática foi um grande aprendizado. Afinal de contas, teoria e prática se distanciam tanto no mundo real da maternidade, não é mesmo? E um dos meus maiores aprendizados foi verificar sobre a importância das mães saberem sobre a amamentação real X a idealizada. Para acontecer a amamentação real é preciso, especialmente, de uma rede de apoio à mulher, aspecto esse que não encontramos em fotos de revista ou anúncios.

Tive dificuldade para amamentar a Julia desde o primeiro dia, mesmo sabendo exatamente o que fazer. Percebi o quanto era muito difícil colocar a teoria em prática. A vivência clínica do consultório também contribuía para me auxiliar, mas como se costuma dizer: ¨em casa de ferreiro, o espeto é de pau

Já nos primeiros dias de vida, Júlia apresentou perda de peso importante e aconteceu o que eu mais temia: precisei complementar com fórmula infantil na primeira semana. Fiquei arrasada, como mãe e como pediatra! Fui para casa com a certeza de que após iniciar a mamadeira seria o fim e que amamentar não daria certo. Mas… para minha surpresa, deu certo!

Atualmente, a Julia segue em aleitamento materno e isso só foi possível por toda rede de apoio ao meu redor, pois precisei de muito auxilio com a pega correta e curar as lesões do mamilo. Contei com apoio de uma enfermeira maravilhosa que foi um anjo para mim. Tive também o apoio da pediatria (sim filhos de pediatras tem pediatras!) que sempre ajudava a me acalmar e a me mostrar que existiam vários caminhos para manter o aleitamento. Ela conversava muito comigo, sempre valorizando os meus esforços e persistência para manter a amamentação, mas que se não fosse possível, tudo ficaria bem, pois a maternidade era e é muito mais do que, apenas, o aleitamento materno.

Também tive um dos apoios emocionais mais importantes para toda e qualquer mulher em aleitamento materno: o apoio do meu marido, que mesmo quando eu estava quase desistindo, continuava a me apoiar nas minhas escolhas e decisões e sem julgamentos! Ele sempre desejou o melhor para mim e para a Júlia.

Enfim, finalizo o meu relato pessoal para mostrar que se você estiver com dificuldades não deixe de procurar ajuda, pedir auxilio a sua família, ao seu pediatra, a uma enfermeira de amamentação e no banco de leite da sua cidade. Hoje existem técnicas pra melhorar a dor e a cicatrização e que podem ser melhor indicadas caso a caso.

E o mais importante: tenha perseverança e persistência, mas sempre respeitando o seu limite, porque o que importa de verdade é que você esteja bem para cuidar do seu bebê.

Um grande abraço, Adriana Pouza

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