Falhas no desenvolvimento da percepção corporal: a explicação de algumas particularidades na prematuridade extrema

Olá a todos que me seguem nesse espaço tão significativo para mim.

Estou ausente com novos posts. Ter dois filhos na primeira infância e acompanhá-los de perto, tentando conciliar a vida de mulher, esposa e profissional não é nada fácil.

Mas hoje ao receber esse vídeo da querida terapeuta ocupacional Tina, com quem tive o prazer de aprender conhecimentos preciosos em integração sensorial, corri para pegar o meu computador e escrever um breve post sobre um dos principais problemas que afetam os prematuros extremos e que causam muitas particularidades sensoriais e de aprendizagem ao longo da trajetória desses guerreiros.

Todas nós, mães de prematuros extremos, sabemos o quanto o nascimento muito antecipado pode sim causar efeitos prejudiciais ao longo do desenvolvimento de nossos filhos. O crescimento e o desenvolvimento em uma incubadora é garantido pela tecnologia e jamais pela similaridade das características e particularidades de um ambiente intra útero. Sem contar com a impossibilidade de receber os nossos bebês em nossos braços, seios, corpos, casas e ambiente externo cheio de estímulos para potencializar a vida de uma criança em seu primeiro ano de vida.

Porém, muitas de nós mães cremos que vencemos a prematuridade extrema ao recebermos a tão esperada alta e irmos para a casa, com um bebê com um peso adequado, que consegue respirar sem a ajuda de aparelhos e que terá um outro ritmo durante o seu desenvolvimento.

Essa afirmativa tem muitos aspectos verídicos. Realmente, vencemos uma grande parte dos desafios da prematuridade extrema ao recebermos a alta. Afinal de contas, os nossos filhos conseguiram o mais difícil: a sobrevivência. Realmente, prematuros extremos terão outro ritmo no desenvolvimento e um outro tempo para adquirir comportamentos importantes, tais como o equilibrio da cabeça, o rolar, o sentar, o engatinhar e o andar/ marcha. Até por isso, temos a idade corrigida. Lembram-se dela? Se algumas mães desejarem relembrar sobre a importância da idade corrigida, segue aqui um post sobre isso

Porém, alguns comportamentos podem surgir no processo do que dizemos serem os efeitos ao longo prazo da prematuridade extrema e, que muitas vezes, não recebem a devida atenção dos pediatras, ou são encarados como frescura ou efeitos de uma super proteção pelos familiares, ou até mesmo que viram sintomas para diagnósticos errôneos de outros transtornos no campo da saúde sensório-motora, da linguagem e afetiva. 

Alguns desses comportamentos podem ser: dificuldade em aceitar a papa pastosa, em fazer a transição da papa pastosa para a com pedaços, não aceitação de novos alimentos com diferentes texturas e sabores ( aquela criança que só come arroz branco ou macarrão sem molho, por exemplo), dificuldade com o banho, não aceitação de lavar a cabeça ou escovar os dentes, não manipulação de massinhas, tintas, colas, gelecas, coisas grudentas ou que sujam as mãos. Maite Maria, por exemplo, não aceitou por muito tempo a sensação da areia e da grama em seus pés e mãos.

Continuando… dificuldade em pular com um pé só, em andar de bicicleta, com equipamentos de parquinho, com talheres, com materiais escolares, como a tesoura e, mais lá na frente, dificuldade com a matemática, números e letras. Alguma mãe, que esteja lendo esse post, já percebeu algumas dessas dificuldades?

A explicação da Tina cai como uma luva para compreendermos melhor que essas dificuldades podem ser causadas por falhas no desenvolvimento da percepção corporal em bebês que foram privados de importantes experiências e sensações sensoriais, tais como chupar o polegar com 7 meses de idade gestacional, intra útero.

Sabemos o quanto existem prematuros que não apresentarão dificuldades em seu processo de desenvolvimento. Graças a Deus! Mas também sabemos que muitos deles terão particularidades que precisarão ser acompanhadas e compreendidas com mais atenção, cautela e cuidado para não deixarmos passar ou diagnosticarmos possíveis problemas erroneamente.

Tenho percebido em todos esses anos de estudo e caminhada com a prematuridade extrema que o diálogo aberto e honesto com os profissionais de saúde e educação e, os pais receberem informações corretas e claras é o que mais gera efeito.

Por isso compartilho aqui o vídeo completo com a clara e bela explicação da Tina sobre a importância da percepção corporal e os possíveis efeitos a longo prazo para crianças que nasceram prematuras extremas ou intermediárias como Maitê Maria ( 23 semanas e 1 dia) e Lucca ( 32 semanas).

Espero que gostem, um grande beijo, Tetê, Maitê Maria e Lucca 

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