‘Mães de UTI neonatal’, elas se apoiaram para alimentar os bebês prematuros.

Danielle Sanches

Do VivaBem, em São Paulo

A cena é repetida inúmeras vezes na cabeça de qualquer gestante: o parto tranquilo, a recuperação evoluindo bem e o tão aguardado momento de sair da maternidade para casa levando o bebê nos braços. Mas, para algumas mães, esse momento tão esperado e idealizado não acontece dessa forma: são as mulheres que acabam tendo seus filhos antes do esperado e, por conta da prematuridade, precisam deixá-los na UTI neonatal sob cuidados constantes. A prematuridade, ou pré-termo, é caracterizada quando o bebê nasce até a 37ª de gestação (36 semanas e 6 dias). É uma fase delicada para a criança, pois é justamente nesse período final que o sistema cardiorrespiratório amadurece. Por isso, esses bebês chegam menos preparados para a vida fora do útero e podem ainda desenvolver problemas como asma e alergias respiratórias.

De acordo com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o Brasil é o 10º país no ranking global de prematuridade, com 300 mil prematuros nascidos em 2019. Um outro dado, desta vez do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e do Ministério da Saúde, mostra que, no Brasil, 11,7% de todos os partos ocorrem antes do tempo.

Batalhas dentro e fora da UTI

Enquanto os bebês lutam para sobreviver dentro das incubadoras na UTI neonatal, as mães travam também suas próprias batalhas do lado de fora. “Elas chegam muito angustiadas e frustradas”, afirma Sônia Simarro, médica da UTI neonatal do Hospital da Luz, em São Paulo, que possui um centro de cuidados de referência para esses casos. “Não estava nos planos irem para casa sem o filho no colo. O que mais ouvimos é a pergunta, a expectativa de saber quando eles receberão alta também”, afirma.

Roberta Carolina de Almeida, psicóloga que atende os pais na UTI neonatal do hospital, explica que é comum uma certa dificuldade em lidar com aquela situação. “Mesmo que a mãe saiba antes do parto da necessidade de cuidados intensivos, a maioria nunca entrou em um ambiente desses, não tem familiaridade com a rotina do lugar, os cuidados”, diz. “É muito comum a dificuldade em lidar com a impossibilidade de interação, de pegar no colo, de tocar o bebê, de não poder amamentar no seio”, afirma.

O sentimento de solidão e impotência é grande. Nicoli dos Santos, enfermeira da UTI neonatal, sabe disso duplamente: não apenas ela vê as mães todos os dias nessa situação no seu dia a dia de trabalho como ela própria passou por isso no nascimento da filha, Liz, hoje com um ano. “Já sentia empatia por elas antes de ser mãe, mas hoje vejo com mais clareza como elas precisam de muita atenção e carinho”, conta.

Nicoli conta que o trabalho na UTI neonatal pode ser bastante pesado. “Não tem como não se abalar quando algum deles fica mal, eles são apenas bebezinhos, é impossível lidar bem com isso”, afirma. “Mas eu converso com Deus todos os dias, peço esperança e paciência, às vezes rezo com as mães também. Precisamos ter confiança de que vai dar tudo certo”, diz.

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