Meu celular, minha prioridade?

Queridos seguidores, hoje compartilho com vocês um post livre e que surgiu diante de algumas observações do próprio cotidiano com as nossas crianças. Espero que gostem! Um abraço e até o próximo post. Meu celular, minha prioridade?

É fato que a sociedade contemporânea vive conectada aos meios de comunicação e de tecnologia. Ultimamente tenho refletido sobre o que significa, realmente, ‘viver conectado’, como uma tentativa pessoal de não fazer julgamentos e, sim, de tentar compreender um pouquinho mais sobre o comportamento social dessa época atual.E algumas indagações sobre a ‘conexão vital’ aos meios tecnológicos vão sendo tecidas nesse processo de reflexão pessoal, como, por exemplo: será a expressão de uma imaturidade afetiva? Será a expressão de uma dependência de informações a todo instante? Será a expressão de um ‘eu’ que já não consegue ficar poucos minutos em contato consigo mesmo? Será um mecanismo de fuga diante de tantos acontecimentos e que não ‘nos acontece’? Será uma expressão de desespero humano diante de tantas experiências pela vida e que não fizeram sentido?Não sei exatamente a resposta, até porque o processo do viver e do existir é extremamente complexo! Mas nessas últimas duas semanas, eu resolvi observar o comportamento de pais em contextos lúdicos, de babás nos parquinhos, de pais nos restaurantes, e o meu comportamento frente às redes sociais.E o resultado das minhas observações foi, simplesmente, assustador. De uma forma geral, posso afirmar que os celulares já fazem parte da relação estabelecida entre o cuidador/responsável, a criança e o contexto da brincadeira. Basta o celular tremer e/ou fazer algum barulho que, prontamente, é atendido. É como se o celular já fosse um instrumento personificado, ou seja, ‘um ser vivo’ que interfere na relação afetiva entre pais, cuidadores, crianças e ambiente.Porém, percebi que o ‘ser- humano-celular’ é tratado pelos donos como alguém que não aceita frustração, esperar a sua vez e muito menos ser esquecido por alguns instantes para que os donos possam se interagir socialmente e/ou afetivamente com os seus filhos e/ou com outras pessoas. É, literalmente, um ‘ser’ que é atendido diante de seu primeiro sinal de ligação, ou de mensagens, ou de e-mails. Será mera coincidência, ou o ‘celular- humano’ é reflexo de nossas condutas e comportamentos imediatistas e egoístas? Comportamentos típicos da sociedade atual. Uma sociedade que não sabe esperar e muito menos conviver com as ‘incertezas’ do amanhã.Ao contrário, nas minhas observações como ‘telespectadora do cotidiano’, as crianças/os filhos tentavam chamar a atenção dos pais, mostrar o que o brinquedo fazia, demonstrar a intenção de criarem uma brincadeira e, frequentemente, não tinham como resposta o acolhimento afetivo, social e cultural dos adultos em redor em, justamente, transformar o desejo e a intenção infantil em ações, brincadeiras e/ou atividades significativas para as crianças.É muito triste e preocupante observarmos que o ‘ser -humano- celular’ e/ou outras tecnologias, frequentemente, recebem maior atenção do que as crianças em um contexto que deveria ser permeado por trocas de olhares, trocas de sorrisos, trocas de abraços, experiências afetivas / culturais significativas e vivências livres, sem a menor preocupação com o tempo, os minutos e os segundos do mundo cartesiano.E dai vem a pergunta infalível: POR QUE? Ou seja, por que os adultos se permitem serem engolidos pela tecnologia? Por que os cuidadores e pais permitem que um aparelho eletrônico interfira, diretamente, na qualidade da relação afetiva com os seus filhos?Por mais que não saibamos a resposta exata, é fato que temos que refletir sobre nossas ações, comportamentos e condutas contemporâneas, pois um dos eixos principais para o desenvolvimento infantil é a imitação e o exemplo. Não há como fugir disso. Aprendemos pela imitação das ações das pessoas que são afetivamente significativas para nós.E como será o aprendizado de nossas futuras crianças se estamos perdendo oportunidades únicas de relação com o outro presencial/social?. Um outro que deveria sair com a criança sem pretensões, sem objetivos já delimitados, esperando somente as belezas provindas de um encontro entre um adulto, uma criança e o contexto lúdico. Nesse encontro poderíamos esperar mais abraços, mais olhares, mais sorrisos, mais fatos inesperados, mais vivências inusitadas e mais experiências significativas. Puxa vida, é somente na infância que as crianças se imaginam fadas, bruxas, que se transformam em bichos, que se transformam em criaturas com super-poderes e que necessitam do nosso acolhimento afetivo de maneira efetiva e direta. Não como seres mandões e que não suportam esperar a vez ou a vivência de uma frustração, mas como seres que estão em pleno desenvolvimento de sua personalidade e que precisam, prontamente, de trocas afetivas e efetivas com os seus pais e cuidadores.E sobre a minha conduta com o meu celular, me impus uma regra: nos momentos em que estou brincando com a minha filha e/ou realizando alguma atividade diária com ela, o celular fica bem distante de nossa relação e interação.E você, já parou para pensar em como o seu celular interfere na sua vida pessoal e/ou familiar? Teresa Ruas

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