O mundo imaginário das crianças e os seus medos

Olá a todos os meus seguidores, Hoje resolvi postar mais um post sobre o mundo dos 2, 3, 4 … anos. Espero que gostem e que alguns pais se identifiquem. Como estou entrando nessa fase, as vezes, escuto Maitê Maria, no meio da madrugada,  chorando e/ou ‘gritando`NÃO para macacos, cachorros, girafas, reis e/ou outros personagens/figuras típicos do mundo da imaginação infantil. E ao invés de sair correndo desesperada, lembro-me do quanto é esperada essa fase, mesmo que ocorram os pesadelos. Afinal de contas, os medos infantis podem e são elaborados durante o sono, ocasionando os pesadelos. Desejo a todos uma ótima leitura e até o próximo post O mundo imaginário das crianças e os seus medos

Ao longo da infância, as crianças demonstram medos variados e que desaparecem diante de um maior desenvolvimento cognitivo, afetivo e social.
Em cada fase, as crianças expressam reações e comportamentos, diante de situações/contextos específicos, que sinalizam sentimentos de insegurança, de temor e, portanto, de medo.

A primeira ressalva que deve ser feita é que o medo é um sentimento normal diante de situações novas e/ou que causem estes sentimentos para as crianças. E como o aparecimento de muitos medos está associado à fase de desenvolvimento infantil, muitos são passageiros. Vamos entender um pouquinho sobre isto.
Para afirmar que alguns medos são passageiros, convido os pais leitores a recordarem como os seus filhos, no primeiro ano de vida, reagiam diante de pessoas estranhas/não familiares e/ou diante de um barulho intenso/inesperado, como o de uma batedeira ligada? Como especialista, tenho coragem em afirmar que o “espanto”, o “choro” e a “procura desesperada” pela mãe e/ou pai aconteciam e, com certeza, hoje estarão em suas lembranças e/ou acontecerão em uma outra frequência. Acertei?
Porém, como afirmei no início deste post, a medida que a criança se desenvolve, alguns medos específicos desaparecem. E assim, os seus filhotes demonstram mais tarde que não se sentem inseguros diante de olhares e conversas de pessoas não familiares, mas se sentem amedrontados diante, por exemplo, do escuro, de animais, de bruxas, de monstros, de pessoas más e/ou da dor física, entre outros, não é mesmo? Estes medos, frequentemente, aparecem por volta dos 2 anos e meio/ 3 anos, podendo se estender entre os 5, 6, 7 anos de idade.  
As bruxas, os dragões, os monstros, as pessoas más, como os ladrões, sempre estão presentes nos contos/histórias infantis e sempre levam as crianças para longe de seus pais e de seus lares. A comunhão entre o mundo imaginário/simbólico infantil e, que está no auge entre os 3 aos 6/7 anos, e todo o contexto de fantasias presente no cotidiano e nas atividades lúdicas das crianças, causa, sim, o medo da separação das pessoas que a criança ama e necessita. Ou seja, o mundo de fantasias e de imaginação é totalmente real para as crianças e, exatamente, por isso, os sentimentos que surgem diante de todas as experiências infantis também são reais e devem ser respeitados e significados. O que eu quero dizer é que a afirmação da criança ao dizer, por exemplo, que tem medo que o monstro apareça debaixo de sua cama e a leve para um lugar desconhecido é realmente um sentimento real e que deve ser muito acolhido pelos pais.
“Rir”, “zombar”, “não dar bola”, ou simplesmente afirmar que tudo é “imaginação” não diminuirá em nada o medo e a insegurança que a criança sente. Pelo contrário. O medo aumentará, além da criança se sentir “sozinha” e não acolhida em sua necessidade emocional.
Nessas horas, os pais podem aproveitar a característica simbólica e imaginativa das crianças e criarem estratégias lúdicas que diminuam e/ou atenuem o sentimento do medo e do temor.
Demonstrem a elas o quanto o príncipe, o cavaleiro, a fada, o rei são corajosos, valentes e como eles sempre conseguem vencer. Afirmem o quanto acreditam que seu filho tem a mesma valentia e coragem destes personagens e/ou dos personagens prediletos. Afirmem também que estes personagens sentem medos, mas a coragem é tão grande que o medo se torna bem pequenino. Além disso, fantasiem com os seus filhos e criem contextos, como, por exemplo: “agora nós, você e o papai, somos cavaleiros e como bons cavaleiros devemos olhar todo o quarto, fechar as janelas, as portas da casa para que possamos descansar e dormir.”
Todos estes exemplos concretos e que estão de acordo com a fase etária e a forma de compreensão infantil minimizam os temores infantis e a criança é tomada por sentimentos de segurança, autoestima, respeito e, assim, se sentem mais calmas e mais confiantes.
Outro ponto muito importante é a compreensão dos pais diante do significado e do valor que as atitudes expressas por eles têm para o desenvolvimento dos filhos. Os medos são passageiros, pois dependem da fase da criança e, também da conduta dos pais diante deles.
Chantagens, ameaças e/ou comportamentos “extremos/descontrolados” diante de situações cotidianas que envolvam algum tipo de medo infantil prejudicam muito o desenvolvimento, podendo causar marcas afetivas importantes e estas evoluírem, por exemplo, para as fobias.
Portanto, nada de chantagear a criança para comer e/ou ficar quieta dizendo que o monstro irá aparecer caso ela não faça o que foi solicitado. E nada de demonstrar um comportamento extremo diante, por exemplo, de trovões, chuvas, enchentes, entre outros. 
Os pais podem e devem sentir medo, mas precisam tentar se acalmarem, pois as nossas condutas e comportamentos são os modelos que serão seguidos e validados por nossos filhos.
Como sempre afirmo: educar é uma ação muito difícil. Prazeres, emoções, dificuldades, frustrações estarão sempre presentes, assim como os monstros, as bruxas diante dos cavaleiros, reis e fadas no dia a dia de nossos filhos. Os medos só mudam de nome e de complexidade, mas nos acompanham durante a nossa vida, afinal de contas, somos humanos e o medo é um sentimento esperado em nossas relações e experiências.   
Um grande abraço, Teresa Ruas  

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