“Por que meu irmão não veio para casa?”: livro mostra às crianças como acolher um irmão prematuro

Teresa Ruas, terapeuta ocupacional e colunista da CRESCER, lança livro para ajudar a responder as principais dúvidas das crianças quanto ao nascimento de um irmão prematuro

Teresa Ruas lança livro sobre acolhimento do irmão prematuro (Ilustração: Marcelo A.Ventura)

“Mãe, por que você tem que ir para o hospital?”, “Por que meu irmão não veio para casa?”. Muitas mães de prematuros já se depararam com essas perguntas dos outros filhos! E nem sempre é fácil respondê-las. Teresa Ruas, terapeuta ocupacional e colunista da CRESCER, vivenciou essa experiência na pele. A especialista deu à luz a dois prematuros e na segunda gestação teve um novo desafio: explicar a pequena Maitê, na época com 3 anos, que o irmão Lucca precisaria ficar mais tempo na maternidade. Inspirada nesse momento de sua vida, Teresa decidiu lançar, quatro anos depois, um caderno de histórias lúdico, que auxilia as crianças a lidarem com a chegada de um irmão prematuro. 

A princípio, era para que o caderno fizesse parte da segunda edição do livro Prematuridade extrema: Olhares e experiências, também escrito por Teresa Ruas, mas o projeto foi ganhando mais destaque e se tornou uma obra individual. “Queríamos transformar o caderno em um material científico que pode ser usado por psicólogos para auxiliar na primeira visita dos irmãos à UTI Neonatal, porém agora em tempos de pandemia, pode ser utilizado pelos próprios pais em casa”. 

Caderninho de Histórias para Colorir e Brincar está indexado na Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional e tem como autoras Teresa Ruas, Heloisa Gardon Gagliardo, Maria de Fátima de Campos Françozo, Bernadete Balanin Almeida Mello, Márcia de Freitas e Raquel Costa Albuquerque e ilustrações de Marcelo Ventura. 

O lúdico como ferramenta de diálogo

Quando Teresa levou a Maitê para visitar o irmão na UTI Neonatal, a mãe teve que responder inúmeras questões da pequena, “Ela perguntou por que o irmão estava nesse bercinho diferente e por que estava com vários fios”. A especialista explica que tudo que está na boca e no nariz dos bebês chama muita atenção das crianças. Por isso, é importante explicar de forma objetiva para não as assustar. 

Segundo Teresa, a principal dica é esperar os filhos perguntarem. “É claro que os pais podem explicar a situação para as crianças antes, principalmente que a mãe precisará ficar um tempo de repouso, porém não antecipar os eventos”. A autora diz que mesmo sabendo que teria um parto prematuro do Lucca não contou isso de imediato para a filha. 

Outra dica da terapeuta ocupacional é não ser muito prolixo nas respostas. “A Maitê me perguntou o que era o tubinho que ia para a boca do irmão, eu apenas disse que ele levava a comidinha para o bebê e ela não me perguntou mais nada”. No Caderno de Histórias, há várias ilustrações e explicações para tocar nesse assunto com as crianças.

Os pequenos podem também colorir as imagens e escrever no caderno, colocando seu nome, idade e o dia do nascimento do irmão. Para Teresa, isso ajuda os pequenos a participarem mais desse momento. Muitas vezes, eles não conseguem ver o irmão, principalmente nesse período de pandemia, no entanto é possível fazer um desenho para colocar “no bercinho” do bebê no hospital e isso faz com que o filho mais velho se sinta importante. 

Ter o tempo divido entre a casa e o hospital não é fácil para as mães. O coração fica partido ao deixar o filho que nasceu prematuro no hospital, mas também há um sentimento de culpa de deixar os filhos mais velhos em casa. Dessa forma, o Caderno de Histórias pode ajudar as crianças a entenderem melhor esse momento. “Esse processo é muito difícil, sem ter um apoio, nós enlouquecemos”, diz Teresa.

Link para matéria em: https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2020/09/por-que-meu-irmao-nao-veio-para-casa-livro-mostra-criancas-como-acolher-um-irmao-prematuro.html

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