Seres humanos: uma espécie única

Olá queridos seguidores, este post surgiu diante de um filme, sobre desenvolvimento infantil, que recebi de uma grande amiga e terapeuta ocupacional- Miriam Arvelino de Paula-. É um filme lindo e que emociona os interessados, os profissionais e os amantes da infância. babies: this is”babies” by Dani Lima on Vimeo
A escrita deste post foi livre! Permiti que a emoção, ao ver esse filme, se  traduzisse em palavras. Surgiu este post, e compartilho com todos os amantes da primeira infância.
Espero que gostem!

Texto Livre by Teresa Ruas

Os seres humanos são, realmente, uma espécie única. Esta frase parece até um ‘clichê bem barato’ ou até mesmo parece ser bem óbvia. Porém, acho que em muitos momentos de nossas vidas, principalmente diante da correria cotidiana, não expressamos, ou melhor, não temos ‘tempo’ para ter a real consciência do que significa ser da espécie humana, e o que significa todo o seu poder de transformação e de adaptação diária, especialmente, na infância.
Sim. Somos a espécie que mais demanda tempo, acolhimento, afeto, cuidado, proteção e atenção para que possamos nos desenvolver,  crescer e nos transformar em pessoas adaptadas socialmente às normas, aos valores e à cultura imposta em nosso meio.
Sim. Somos uma espécie que necessita de ‘um outro’ ser humano, e mais experiente para garantir a nossa sobrevivência. Algumas ações, relatadas abaixo, comprovam a afirmação acima.
Bebemos muito leite materno, antes que os alimentos sólidos nos saciem completamente. Demoramos muito tempo para comermos sozinhos e independentes. Choramos muito, antes que as palavras possam expressar os nossos sentimentos. Procuramos muito acolhimento e afeto parental, antes que as nossas frustrações possam ser compreendidas por outras pessoas que não a nossa mãe e o nosso pai. Temos muito medo do escuro, antes de enfrentarmos os reais medos da vida. Usamos muita fralda, antes de sermos independentes no controle dos esfíncteres. Rolamos muito, antes de engatinhar. Engatinhamos muito, antes de andar. Andamos muito, antes de correr e de pular. Brincamos muito, antes de trabalharmos. Necessitamos muito de nossos pais- pessoas mais experientes-, como fonte de alimento afetivo, social e cultural.
Somos realmente únicos. Em todos os cantos do mundo, independente da etnia, cultura, língua e/ou religião, nascemos de um ventre materno, nos alimentamos de leite, passamos por diferentes etapas do desenvolvimento, porém etapas muito semelhantes- os bebês sorriem diante da face humana, prestam atenção aos sons, rolam, engatinham, caem para aprender os primeiros passos, entre outros comportamentos-, e necessitam, obrigatoriamente, de um modelo de ações e de condutas para que ocorra o aprendizado da língua, dos costumes, das tradições e da cultura local.
Sim. Somos totalmente dependentes de ‘um outro’ ser humano, e afirmo, que não somente na infância, mas em todas as fases de nossas vidas.
Porém, a dependência afetiva e social na infância é de uma natureza muito maior. Precisamos do outro para sobreviver e para nos construirmos como uma espécie que pensa, que sente e que se expressa por meio das palavras, das sensações e dos sentimentos.

Sim. As crianças pequeninas pensam, sentem e se expressam a todo momento. E a cada dia que se passa esta habilidade humana só se aperfeiçoa, dando a nós uma especificidade extraordinária frente à adaptação ambiental, cultural e familiar.
Muito rapidamente aqueles bebês que nascem lactentes, vão aprendendo diferentes hábitos alimentares. Muito rapidamente aqueles bebês que nascem nus, vão ganhando roupas e adereços específicos de cada cultura. Muito rapidamente o choro vai sendo substituído por sons de letras que caracterizam cada idioma.
A base genética vai se unindo ao ambiente e sendo moldada pelo mesmo. Sim! Somos únicos! Sofremos influência direta do ambiente e de nossa cultura para que possamos expressar a nossa conduta.
E bem no meio, entre a genética e o ambiente, está a força da afetividade. E no meu entendimento, a afetividade não é algo estanque/parada ou pré-determinada. Por outro lado, é algo ‘móvel’ e que une as duas pontas essenciais em nossa constituição: a genética e o ambiente.
A afetividade- aqui entendida como um conjunto de sentimentos e sensações- é nosso combustível vital. Acredito, como vários estudiosos, que sem ela não haveria essa diferenciação entre os seres humanos. Afinal de contas, são os nossos sentimentos e sensações que nos motivam a nos transformar, a nos desenvolver e a nos mantermos vivos e adaptados ao meio em que nascemos. Não escolhemos a cultura, o país, a família em que nascemos, mas escolhemos o que queremos, o que nos encanta e o que nos motiva a viver.
Sim. Somos únicos. Desde muito pequeninos somos o resultado dessa interação entre a genética, ambiente/cultura e a afetividade. Desde pequeninos temos interesse e desejos específicos, e são esses sentimentos que nos potencializa a nos transformar, a aprender, a imitar, a observar, a sentir e a expressar.
Sim. Somos únicos. Cada um de nós tem o seu próprio ritmo e o seu próprio tempo, apesar de toda a inter-relação entre genética, ambiente e afetividade. Não somente a cultura nos diferencia, mas também o tempo e o ritmo de aprendizagem, assimilação, acomodação e de adaptação ao meio em que vivemos. Temos, sim, as nossas características e interesses intrínsecos. Isso não é negativo. Pelo contrário, é muito positivo, pois nos demonstra o quanto somos diferentes apesar de toda a base genética que une as diferentes etnias.

Enfim, este lindo filme nos demonstra o quanto o ser humano é uma espécie única, com alto poder de adaptação ao meio/cultura e o quanto necessita da afetividade e do interesse intrínseco para que possa se desenvolver e se transformar diariamente. Somos seres ativos, criativos, interessantes e amantes e, assim, adquirimos a essência transformadora de tudo e de todos ao nosso redor.
Um grande abraço, Teresa Ruas e Maitê Maria  

Compartilhar:

Deixe um comentário